Já rompemos a barreira dos 120 dias de quarentena e, mesmo permanecendo o máximo possível em casa, não paramos de disparar mensagens por WhatsApp de nossos mais modernos equipamentos inteligentes.
Mas, pode acreditar: essa atitude vem provocando um volume absurdo de informações, e na grande maioria das vezes, é impossível verificar a veracidade dos fatos compartilhados.
Por ser conveniente, uma vez que o conteúdo pode fazer sentido para o emissor, ou pelo simples fato de, pretensiosamente, pensarmos que, com isso, estamos ajudando alguém, encaminhamos para nossos grupos da família, do trabalho, dos amigos de infância e etc um sem número de informações, disseminando assim, em progressão geométrica, conteúdos verídicos ou não. Eis um fenômeno digno de estudos.
Muitas pessoas têm noção do perigo que isso representa, mas não conseguem se controlar. Afinal, é apenas uma mensagem sobre um assunto que vêm mobilizando a vida de muitas pessoas, não é mesmo? “Será que vou ajudar na discussão do grupo?” São muitos os pensamentos que percorrem a mente do emissor, sempre no intuito de ajudar no debate, alimentar o outro de informação. Mas não é tão simples assim…
Na Universidade de Washington (Seattle/EUA), as pesquisadoras Emma Spiro e Kate Starbird estão investigando como a desinformação está fluindo durante a pandemia do coronavírus, e como os conhecimentos científicos estão atingindo e agindo na formação da opinião das pessoas, especialmente, nas redes sociais.
Quando perguntada sobre os tipos de respostas que elas estavam buscando com a pesquisa, Kate Starbird disse: “Estamos interessadas na dinâmica do fluxo de informações, em como as informações passam das mídias sociais para as mídias mais tradicionais e vice-versa. E estamos tentando identificar recomendações, seja para empresas de tecnologia, indivíduos ou pessoas que respondem a crises.”
O termo “infodemia”, que significa epidemia de informações falsas, nunca foi tão buscado no Google. De arma biológica, produzida em laboratório chinês, às conspirações financeiras mais avançadas- que combinam muito bem com um roteiro de cinema – além daquela teoria que diz que o vírus é oriundo de morcegos ou de pobres animais comercializados de forma cruel nos mercados mais bizarros do mundo, há de tudo um pouco nestas construções saídas do imaginário coletivo pandêmico.
Ao longo desses pouco mais de quatro meses, desde que tudo começou, ao coronavírus já foram atribuídas as mais diversas conspirações, o que evidencia uma guerra não só pelo combate a uma pandemia das mais mortais que o mundo já enfrentou, mas, também, uma guerra de informações.
Um cenário incerto, instável do ponto de vista político, econômico e da sanidade física e mental, somado ao já mencionado distanciamento social, cria um ambiente fértil para o nascimento de angústia e ansiedade. Não é exagero afirmar, agora, que a saúde mental das pessoas está sofrendo um sério abalo por conta do coronavírus.
A pandemia já foi responsável por desavenças e desencontros entre diferentes líderes, mundo afora, inclusive entre amigos e familiares. Qual será o risco se abandonarmos a quarentena para “salvar a economia”? Os infectologistas e a ciência têm a resposta, mas nem todos acreditam nela…
A cada dia saímos do alerta geral para águas mais calmas. Estamos vivendo um ciclo que nunca tem fim, ditando um novo comportamento entre as pessoas, e atingindo as mais diversas áreas da comunicação e do marketing.
Em um momento tão delicado do ponto de vista psicológico, econômico e social como este, é recomendável, mais do que nunca, analisar a relevância, o ineditismo e o teor da informação antes de transmiti-la pelo WhatsApp. E, sempre que possível, sem paixão, verificar sua veracidade.
Afinal, se tem uma coisa que nunca sai de moda, ela se chama bom senso!